Hipocrisite natalina



Todo ano, precisamente em dezembro, percebemos o surgimento de uma epidemia perigosa: a hipocrisite natalina. A hipocrisite natalina é uma doença que acomete uma grande proporção da nação brasileira e está relacionada aos festejos do nascimento de Jesus.

Antes de qualquer coisa, gostaria de ressaltar que não sou contra a comemoração do nascimento de nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo. Não é esse o problema. O problema também não está relacionado aos elementos pagãos relacionados à festa natalina, como a árvore de natal, as luzes, as trocas de presentes ou mesmo a data totalmente incorreta de 25 de dezembro, não é nada disso!

O que mais me aborrece é como os cristãos, nessa época, se tornam benevolentes e preocupados com os pobres. Parece que, o ano todo, os pobres estão em ótima situação e quando chega o natal estão necessitados, somente então se torna necessário realizar campanha disso e campanha daquilo, cesta básica para cá e panetone para lá!

Para mim, esse é o pior contra testemunho que podemos dar aos não-cristãos. Tanto é verdade que, por exemplo, até budista e kardecista fazem as mesmas “boas” ações no natal que os cristãos, ou seja, cesta básica ou ceia de natal aos pobres.

Precisamos lutar para proporcionar aos menos favorecidos condições dignas o ano todo e não somente em datas especiais. É preciso favorecer, em primeiro lugar, as pobres famílias de nossas igrejas, após isso abençoar os nossos vizinhos e, assim, cair na simpatia do povo [At 2.46-47].

Em Atos lemos que entre os cristãos não havia necessitados [At 4.34] e, se formos corajosos o suficiente para analisar, nossas igrejas são um retrato fiel das desigualdades que maculam nossa sociedade.

Tenho aprendido com alguns irmãos (refiro-me ao pessoal do Gruponews) a orar a Deus pedindo para que eu saiba usar adequadamente meu dinheiro, de modo que, com ele eu possa testemunhar a maravilhosa graça de Deus. Tenho evitado gastar meu dinheiro com pesadas estruturas eclesiásticas ou com quinquilharias de consumo e tenho investido mais em pessoas. Mas como não quero ser hipócrita, digo logo, parece que é bem mais gostoso gastar nosso dinheiro com os nossos mimos, pois nosso ego agradece ou com a estrutura eclesiástica, pois se tem a falsa sensação que estamos fazendo a vontade de Deus...

Para nos livrarmos desse mal, só tem um caminho: deixar Deus conduzir nossas finanças e investir em pessoas. A cura será um processo lento, mas gratificante e, para minha felicidade, é um caminho sem volta, pois aprendemos a valorizar o que realmente importa e não o deus mamom [Mt 6.24].

Diante disso, te pergunto: você está sofrendo de hipocrisite natalina? Quer ser curado? A decisão é sua... boa escolha e feliz natal e um abençoado 2012!