O caminho da paciência

A maneira de Jesus é tão diferente. Embora ele tenha trazido grande conforto e tenha vindo com palavras suaves e toque curador, não veio para eliminar nossas dores. Jesus entrou em Jerusalém, nos seus últimos dias, montado num jumento, como um palhaço numa parada. Esse foi o seu jeito de fazer-nos lembrar que enlouquecemos quando insistimos em vitórias fáceis ou quando pensamos que podemos disfarçar o que nos aflige, gastando nosso tempo em futilidades. Muito do que realmente vale a pena só acontecerá através de confronto.

O caminho entre o Domingo de Ramos e o Domingo de Páscoa é o caminho da paciência, o caminho do sofrimento. A nossa palavra paciência deriva do antigo radical patior, que significa sofrer. Aprender a paciência é não nos rebelarmos contra cada adversidade, porque, quando insistimos em esconder nossas dores com “Hosanas” fáceis, corremos o risco de perder nossa paciência. Quando a frivolidade do caminho fácil se desgasta, nós nos tornamos amargurados e cínicos, ou violentos e agressivos.

Em lugar de tudo isso, Cristo convida-nos a permanecer em contato com os muitos sofrimentos de cada dia e a experimentar o começo da esperança e da nova vida, justamente aí onde vivemos, no meio das feridas, dores, falência. Ao observar sua vida, os seguidores de Cristo perceberam que, quando todos os gritos “Hosanas” da multidão cessaram, discípulos e amigos o abandonaram. Depois de Jesus gritar “Deus meu, Deus meu, por que me desamparaste?”, foi então que o Filho do Homem ressuscitou da morte; foi então que ele rompeu as cadeias da morte e tornou-se Salvador. Este é o caminho da paciência, que nos conduz vagarosamente do triunfo fácil à árdua vitória.

Terei menor tendência a negar meu sofrimento quando aprender que Deus o usa para moldar-me e atrair-me para mais perto de si. Deixarei de ver minhas dores como interrupções dos meus planos e serei mais capaz de vê-las como meios de Deus fazer-me pronto a recebê-lo. Deixarei Cristo viver junto às minhas dores e perturbações.

NOUWEN, Henri. Transforma meu pranto em dança: cinco passos para sobreviver à dor e redescobrir a felicidade. Rio de Janeiro: Thomas Nelson, 2007, p.24-25.